HISTÓRIA VIVA DO SANTO DAIME
Contemporâneos do Mestre Irineu
Entrevista – Março 2007′
Adália de Castro Granjeiro
Uma das devotas mais antigas do mestre Raimundo Irineu Serra
Data de nascimento: 18/11/1933
Adália Granjeiro:
Eu conheci o mestre lrineu com 5 anos de idade e convivi com ele por uns 30 e tantos anos. O meu pai, Antonio Gomes da Silva, era um homem de confiança do mestre Irineu. O mestre Irineu era muito caridoso, alegre, só nos ensinava coisas boas, para ser humilde, trabalhar pela humanidade, a tratar os irmãos com amor, carinho e respeito. Ele nos ensinou a cantar hinos, rezar, bailar, tudo isso aprendemos com ele. Para mim, foram apenas coisas boas.
Gideon dos Lakotas
: O mestre Irineu alguma vez cobrou pelos trabalhos?
Adália Granjeiro:
Ele nunca cobrou, poderia haver contribuições, mas nunca cobrava nada e até recusava o dinheiro que algumas pessoas davam para ele. Só usava para caridade.
Gideon dos Lakotas:
A senhora sabe qual era a opinião do mestre Irineu sobre o uso de drogas?
Adália Granjeiro:
Ele era contra. Nunca ouvi ele falar que tenha usado ou aconselhar alguém a usar. Alguns que usavam iam lá atrás de ajuda e ele ajudava a pessoa a sair. Com o daime nem pensar, porque o daime é puro, não se mistura com nada. Então hoje existe essa mistura por conta do mundo lá fora, porque ele nunca ensinou isso pra ninguém.
Gideon dos Lakotas
: A senhora conheceu no Alto Santo o Sebastião Mota de MeIo?
Adália Granjeiro:
Sim. E eu tinha pra mim que ele era uma pessoa muito boa. Nunca pensei que ele fosse se transformar assim. Quando ele convivia com a gente era uma pessoa muito boa. Ele já até nos ajudou bastante naquela época. Depois que ele separou, quando houve essa divisão no Alto Santo, aí é que mudou tudo. Não consegui nem acreditar pela pessoa que ele era. A gente tinha tanta consideração por ele, trabalhava no daime junto com meu esposo, que ensinou ele a fazer daime. Como é que a pessoa muda de repente para outro lado? Aprendeu direito, tudo direitinho, e depois foi fazer tudo errado. O mestre Irineu dizia para a gente não se apavorar que chegaria uma época que aconteceriam coisas que a gente ia duvidar. (…) Eu entrego para Deus, que só ele que sabe resolver. Nos meus pensamentos peço a Deus que lhe dê mais força, coragem, para esse trabalho.
Gideon dos Lakotas:
Qual é o conselho que a senhora deixa para a juventude, sobre o daime, sobre a experiência que a senhora tem?
Adália Granjeiro:
Eu desejo que todos se voltem para essa luz, para enxergar onde está a verdade, o poder, a misericórdia de Deus, através dessa doutrina é que a gente consegue a felicidade, a salvação, o bem-estar e a juventude toda precisa pensar. Eu não sei falar muito.
Gideon dos Lakotas
: O daime precisa ser usado com responsabilidade?
Adália Granjeiro:
Quem não tiver responsabilidade não tem direito nem a uma gota de daime, é o que o mestre dizia. A pessoa que não respeitar o daime, na casa que não tem harmonia, não tem paz, o daime não entra. O mestre dizia: “quem tiver sua boca porca não tome do meu daime”. (…) O daime só é as três misturas, cipó, folha e água. Agora o “apuro”, o resultado dele, quem dá é Deus. São algumas coisas que ouvi o mestre falar.
Gideon dos Lakotas:
A senhora tem mais alguma história para nos contar?
Adália Granjeiro:
O Sebastião Mota convidou uma vez meu marido para ir lá trabalhar com eles, mas ele não quis por causa desses negócios, de drogas, aí acabou a amizade. Porque meu marido não se iludia com conversa. (…) Eu ouvi dizer que o Sebastião Mota falava que o mestre Irineu que tinha mostrado a maconha para ele, que ele viu no espiritual que ele chegou com as folhas, com as ramas, e mostrou para ele, pra fazer uso, curar todo mundo com aquilo.
Mensagem
Adália Granjeiro:
Tudo o que o mestre fazia era com a ajuda de Deus, o dinheiro não dá força. Ele queria a força de Deus para ajudar ele não o dinheiro: Ele sempre dizia que depois que não estivesse aqui era para tomarmos daime e pedirmos a ajuda dele, que ele viria.