Dryopteris filix-mas (L.) SCHOTT.
Dryopteris é um gênero cosmopolita de samambaias decíduas rizomosas que contêm cerca de 150 espécies. Muitas espécies são cultivadas como ornamentais pela sua bela folhagem em formato de vaso. Algumas espécies exigem condições especiais, mas várias outras, inclusive Dryopteris filix-mas, são facilmente cultivadas como plantas ornamentais, sendo robustas e muito resistentes à seca. Várias espécies contêm derivados de floroglucinol (“filicina”), que paralisam parasitas intestinais. Além de Dryopteris filix-mas, Dryopteris cristata, Dryopteris oreades e Dryopteris crassirhizoma são usados medicinalmente. Drogas derivadas destas samambaias são usadas em conjunto com um purgativo efetivo. Dryopteris crassirhizoma foi registrada na medicina chinesa desde pelo menos a última dinastia de Han (25-220 DC). Conhecida como guan zhong, também reduz inflamação, controla sangramentos e abaixa a febre.
Dryopteris filix-mas é uma planta perene com rizoma subterrâneo e escamoso, dando origem a frondes pecioladas e duas vezes penatissectas, de até 90 cm de tamanho, inicialmente enroladas em croça e cobertas de escamas castanhas. No final do Verão, formam-se, na face inferior das frondes, duas filas de esporângios cobertos de indúsios. No verão estes esporângios libertam esporos castanhos que asseguram a reprodução da planta. Todas as partes são tóxicas. O feto-macho abunda nas florestas sombrias, sobre os rochedos, perto dos ribeiros, e suas virtudes são conhecidas desde a Antiguidade.
Colhe-se o rizoma na altura da queda das folhas. Depois de muito bem limpos, os rizomas são desembaraçados das partes verdes e das raízes e secados a uma temperatura de 35°C. Começam por apresentar fendas esverdeadas que escurecem em seguida. Contêm aspidinofilicina, floroglucina e filmarona, assim como uma razoável proporção de amidos e taninos. É uma erva amarga, de sabor desagradável, que expele lombrigas intestinais e tem efeitos anti-bacteriano e anti-viral. Também controla sangramento, alivia dor, reduz inflamação e abaixa febre. A erva é usada interiormente para todos os parasitas intestinais, pontadas no fígado, hemorragia interna, hemorragia uterina, caxumba e enfermidades febris (inclusive resfriados, gripe, sarampo, pneumonia, e meningite).
O extrato etérico é utilizado em medicina humana e veterinária como tenífugo. O rizoma e todas as preparações dele derivadas são tóxicas, devendo o tratamento ser feito sob vigilância médica. Doses contra vermes intestinais são críticas; o envenenamento é prevenido combinando-se com um purgativo salino, como sulfato de magnésio – não com óleo de rícino porque ele aumenta a absorção. Excesso causa náusea, vômito, delírio, dificuldade respiratória e colapso cardíaco. Em dose muito forte, o produto causa lesões irreversíveis do nervo óptico. Devido a estes riscos, prefere-se atualmente substituir o feto-macho por produtos de síntese. A decocção serve para preparar compressas destinadas a feridas que saram dificilmente, abscessos, furúnculos, carbúnculos, chagas e é também usada contra dores reumatismais.