Houve uma época em minha vida quando cursava a faculdade de teologia, que tive a oportunidade de conhecer de perto os Hare Krishinas. Freqüentei por algum tempo a fazenda Nova Gokula do movimento dos hares, em Pindamonhangaba, no ribeirão grande. Por diversas vezes fiquei dias com eles. Olhando com o sentir e um bom senso espiritual, consegui enxergar a majestade do sonho de Prabrupada e reconhecer a iluminação deste irmão.
Que bons momentos passei lá e que bom proveito pude retirar das longas conversas com devotos verdadeiros.
Poxa, me lembro bem do cozinheiro Hara Canta (acho que se escreve assim) e que paciência este irmão teve comigo, visto a intensidade dos fatos que lhe apresentava em minhas perguntas sempre direto, sem rodeios e muito bem fundamentado.
Hoje, quinze anos depois, ainda ouço muita gente falar sobre os hare krishnas de uma forma que denigre. Mas isto é sinal de pouca compreensão dos que falam tais coisas. Eles não os conheceram da forma que eu os conheci.
Então resolvi escrever aqui umas poucas palavras na tentativa de levar um pouco mais de luz e esclarecimento à mente destes que enxergam o movimento dos hares com uma visão unilateral.
Olha, conheci lá pessoas maravilhosas e pessoas não tão boas. Mas isto você vai encontrar em qualquer lugar onde se agrupam pessoas. Neste mundo é assim mesmo, o lobo e o cordeiro se assentam juntos à mesa.
Mas é necessário compreender que em toda obra há as pessoas envolvidas e as pessoas comprometidas. Tais pessoas são muito diferentes. Já comeu ovos com bacon? Pois é, a galinha esta envolvida, mas é o porco quem está comprometido!
Assim acontece em todas as obras. Tem aqueles envolvidos que apenas freqüentam o movimento, mas é o comprometido quem carrega a obra nos ombros.
Isto vai encontrar dentro do Kardecismo, na umbanda, nas igrejas, no santo daime, no xamanismo, nas associações, instituições e até em equipes de trabalhos.
Então formar um julgamento se conheceu apenas a alguns, é ser precipitado.
Eles seguem a filosofia deles e você segue a sua. Ambas são diferentes, mas por isto precisa odiar? Claro que não!
O importante neste caso é se respeitarem, é isto que o xamanismo ensina. E aqui quero lembrar que o combate às drogas principalmente drogas nos rituais com a ayahuasca, não é desrespeito, é questão de responsabilidade com o sagrado e com os irmãos do Planeta.
Numa obra os envolvidos recebem também sua porção de bênçãos, mas é o comprometido quem fica com o galardão celeste. Questão de merecimento!
Conheço um grande número de hare Krishinas e muitos deles freqüentam aqui o Céu Nossa Senhora da Conceição. Nos respeitamos e nos damos muito bem, como irmãos que todos somos em verdade.
Tive também aqui passagens nada agradáveis com pessoas que se diziam hare Krishinas, mas que eram apenas pessoas envolvidas com este movimento e que de comprometidas nada tinham. Eram os tais do “já somos iluminados” porque somos vegetarianos há 20 anos e temos chão andado. Mas da mesma forma teve aqui também outras pessoas da mesma estirpe que vieram de outras filosofias, e que também se julgavam o máximo.
O que elas têm em comum é que vivem com complexos de superioridade ou inferioridade. Ambas se agarraram em verdades efêmeras e tem dificuldades de largarem esta pedra. Por conseqüência sofrem muito, mas por onde passam sempre deixam uma imagem negativa do movimento a quem dizem fazer parte.
Hoje digo feliz, que já temos uma igreja irmã do Céu Nossa Senhora da Conceição na linha dos Hare Krishinas e que tem levado a muita gente a grande luz do iluminado Prabrupada, a quem tanto admiro e amo.
Mitakue Oasim (somos todos irmãos)
Xamã Gideon dos Lakotas