O aluno diz:
“Eu fumo maconha e quando fumo, sei quem eu sou. Sinto o deus dentro de mim, eu o vejo em todas as outras pessoas. Falo com a grama, falo com as flores; elas respondem. Sinto-me feliz, sinto-me completamente contente. Mas acho que, se eu fumo, me dá uma pressão na cabeça que me preocupa. Não sei se eu deveria fumar ou não, mas me dá uma grande esperança para o futuro. Fumando maconha eu tenho visões de onde eu gostaria de estar”.
OSHO responde:
Hm, hm (pausa).
É apenas ilusória não é uma esperança real. A coisa toda é apenas uma ilusão química e a mudança química pode estar lhe dando pressão na cabeça porque a coisa inteira acontece no seu sistema nervoso.
Pode lhe dar uma pressão; isso é uma simples indicação para parar com isso. Mais tarde poderá ser perigoso: pode destruir alguns nervos necessários no cérebro. É destrutivo, é um sonho muito caro. É bonito, mas mesmo que um sonho seja bonito ele é um sonho, e pela manhã você está de volta novamente na realidade. E isso custa caro.
Se continuar consumindo maconha por muito tempo, ela fará sua inteligência se deteriorar. As pessoas que fumam maconha ou coisas assim por muito tempo tornam-se idiotas. Sua inteligência perde acuidade, porque a pressão química diária sobre os nervos é prejudicial. E você não está ganhando nada! Eu não estou preocupado com o custo: se algo real for atingido, então qualquer que seja o custo é bom. Mas você não está ganhando nada em troca – só uma ilusão.
Quando você fuma maconha e sabe quem você é, isso não tem importância alguma. Você tem que saber disso quando você está alerta, atento, completamente natural, sem nenhuma pressão de substância química a criar coisas em você. Aí é que você tem que saber quem é você.
A gente tem que ser iluminado de um modo realmente muito comum, só então é iluminação verdadeira. A gente pode achar atalhos, mas todos os atalhos são falsos. Não há nenhum atalho para a auto-realização. Os atalhos só criam pequenos circuitos dentro de você e liberam sonhos, liberam imaginação. Não é bom para você, não é bom para ninguém.
Mas isso simplesmente está indicando que a coisa está entrando fundo nas células do seu cérebro; é melhor parar o quanto antes possível.
Criar uma experiência que não é seu estado natural é inútil. Não lhe dá esperança. Simplesmente destrói sua vida e destrói suas oportunidades de tornar-se alerta, ciente da realidade como ela é.
Não é preciso buscar Deus nas árvores. Se você apenas puder ver as árvores como elas são, tudo é percebido. Por que impor Deus? Você não precisa ver Deus em ninguém. Se puder ver apenas a pessoa real que estiver aí, isso já é o bastante! Deus simplesmente significa a realidade, a realidade comum que o cerca.
Quando eu digo que Deus está nas árvores, não quero dizer que você terá que ver Deus nas árvores – que uma cabeça começará a florescer na árvore, então alguém o olhará e você terá um encontro e um diálogo e esse alguém dirá “oi!”. Quando digo veja Deus nas árvores, simplesmente quero dizer ver a árvore como ela é sem qualquer idéia de sua parte. Veja a verdade da árvore. Isso é o Deus da árvore – o verdor dela, a flor, a alegria, o enraizamento dela, a força e a fragilidade.
Corriqueiramente você não vê porque você não é bobo; como você pode se tapear? Como você pode ver Deus na árvore? Uma árvore é uma árvore! Como você pode ver Deus em uma árvore? Você não pode se enganar, mas quando fuma maconha você se torna um bobo; então é muito fácil se enganar. Você pode ver Deus ou um búfalo ou qualquer coisa na árvore. Você tem que simplesmente ter em mente aquela noção.
Quando a maconha começa a trabalhar e começa a mudar sua química, você tem que constantemente estar se lembrando de uma coisa – que a árvore é isto: Deus… Ou o diabo. Um dia procure o diabo e você o verá! Portanto a coisa não está na árvore, só está em sua mente; você a projetou na árvore. A árvore começa a funcionar como uma tela.
Agora, normalmente você não vê a árvore porque para ver a árvore tem que estar muito sensível, alerta, atento, e totalmente aqui – agora, porque a árvore não está no passado e a árvore não está no futuro. Se você estiver no passado ou no futuro você nunca encontrará a árvore. Você poderá passar por ela, mas você nunca a encontrará. A árvore está sempre é aqui – agora; para encontrar a árvore você tem que estar aqui – agora. […] Para ver realidade a gente tem que ser completamente comum e não usar nada – nem vontade, nenhum jejum, nem posturas; a pessoa tem que simplesmente ser como a ela é. Levará muito tempo para se ver a verdade da árvore, mas esse tempo não estará perdido. Portanto não tenha pressa e não corra. Sim, as drogas dão velocidade, mas não acelere e não se apresse. Seja paciente e permita que as coisas cresçam lentamente. Todas as coisas reais crescem lentamente: elas têm seu próprio ritmo. Algo tem que amadurecer em você.
E fique satisfeito e contente-se com qualquer coisa disponível neste exato momento; não peça mais. E eu sei que uma vez você esteve usando qualquer droga, fica muito difícil porque a droga o atrai. Sem qualquer esforço de sua parte, algo começa a acontecer, então por que se importar com qualquer outra coisa? Por que meditar e por que ficar alerta quando a droga pode desencadear o processo imediatamente?
Ela vem sendo usada há séculos; não é nada de novo. No Ocidente é uma coisa nova, mas no Oriente é uma das práticas mais antigas. Mas as pessoas que tomam drogas há séculos nunca chegaram a lugar nenhum.
Se você realmente quer ver o que há, tem que parar com todos os tipos de projeção. Parecerá bobagem no princípio. Não será tão encantador não terá aquela atração, aquela fascinação. Mas não é preciso fascinação, encantamento; não é preciso. A gente deveria se satisfazer com a realidade comum. O que há de errado com as árvores como árvores e o homem como homem e a mulher como mulher? Se você puder fazer isso durante seis meses sem a droga, vivendo apenas com o comum, sem desejar o extraordinário, cedo ou tarde você começará a ver a verdade das coisas comuns. E no próprio comum, o extraordinário está escondido. Mas você tem de abordá-lo pelo comum. O ordinário é a porta para o extraordinário. Minha sugestão é que você largue dela, hum? Pare completamente.
(Osho, The Open Secret)