O almeirão selvagem é um poderoso remédio homeopático, que é de grande ajuda nos bloqueios do fígado, problemas biliares (atividade biliar muito forte em direção ao interior e fraca em direção ao exterior), icterícia, estagnação do fluxo biliar, cálculos.
Radice selvagem (RS)/Cichorium intybus L.
A forte e longa raiz se enterra no solo e porta uma vigorosa roseta foliar que lembra a do Taraxacum, mas suas folhas são menos exuberantes e mais retraídas. A inflorescência se ramifica muito, quase que com ângulos retos, trazendo pequenas folhas sésseis, atrofiadas, como que engolidas pelo caule, e os ramos separados trazem os capítulos. É um contaste marcante em relação ao Taraxacum.
Embaixo, as folhas “se colam” ritmicamente, enquanto que na parte de cima a ramificação, tal como os chifres de um cervo, lembram um cardo. Os capítulos radiados, de um azul maravilhoso, se desenvolvem apontando para o leste; eles são sésseis, como que aplicados ao caule; eles se abrem ao sol matinal e murcham à tarde. No dia seguinte surgem novas flores que murcham à tarde. Um poder floral quase inesgotável se movimenta durante o verão, ligado às forças da manhã. Se alguém diz que de manhã, indo de leste para oeste, esteve ao longo de seu caminho “acompanhado” pelo azul intenso das flores do Chichorium, é preciso retificar o que ele disse: ele não foi “acompanhado” se caminhava de leste para o oeste, pois era de manhã e tinha o sol atrás dele; estas flores o “encontravam”.
Uma impressão “moral” emana dessa planta: paciência, espera sempre renovada, sentimento de conformidade resignada com seu destino. A lenda diz que uma virgem, cujo bem-amado partiu para a terra santa e deveria voltar um dia do leste com o sol nascente, o esperou todas as manhãs no caminho e foi transformada nessa flor. Seus capítulos são constituídos de floretas liguladas e curtamente pedunculadas; os aquênios, coroados de pelos curtos não plumosos, se prestam mal a um voo prolongado. Um látex preenche toda a planta, mas sobretudo na sua raiz. Os locais de predileção dessa planta são as beiras de caminhos e campos, onde é exposta ao sol e à claridade. Ela se encontra por toda a Europa e Ásia temperada. Ela floresce de julho a setembro.
Em seu látex encontramos substâncias amargas, lactucopirina, óleos, manitol, látex, lactucocirol; a raiz contém um glicosídeo, a cichurina, e uma glico-dixicumarina. As cinzas dessa planta contêm 20 a 30% de óxido de Potássio, cerca de 7% de Si02, 6 a 12% de ácido de magnésio, 8 a l6% de óxido de sódio e 1 a 2%: de óxido de Ferro. Rudolf Steiner Indicou que o mais importante no Cichorium é a maneira como participam a sílica e os sais alcalinos, em seguida as substâncias amargas e a maneira curiosa da planta elaborar o carbono. É preciso também não se esquecer de sua natureza lactífera, que estudamos anteriormente, em relação com a organização dos líquidos, com os processos nutricionais, com o fígado e a bile. É por isso que o Cichorium tem um grande leque de virtudes medicinais: o estômago e o intestino devem perceber, provar, experimentar os alimentos ingeridos, tirar deles toda a vida própria e os desfazer até quase o estado mineral. Nesse trabalho colaboram as substâncias amargas dessa planta, que levam o corpo astral e o Eu em direção a esse canteiro de “demolição”, para regular o trabalho e transmitir seus produtos ao corpo etérico, que irá lhes vitalizar novamente. A falta de apetite, a fraqueza gástrica, o comprometimento dos órgãos digestivos devido às mucosidades, tem sua causa numa intervenção deficiente dos constituintes superiores.
O Cichorium produz suas substâncias amargas, ao mesmo tempo que forma seu látex; tais substâncias vão até as flores. Na rápida e breve floração, podemos ver nitidamente a relação do processo floral com o metabolismo do homem. Mas nossa planta age também na fase seguinte deste metabolismo: na gênese do sangue, do qual o fígado participa bastante intensamente. Ela age através de substâncias alcalinas que carrega em si no estado vitalizado, e que ela revela pela firmeza de seu caule.
O Cichorium é um poderoso remédio homeopático, que é de grande ajuda nos bloqueios do fígado, problemas biliares (atividade biliar muito forte em direção ao interior e fraca em direção ao exterior), icterícia, estagnação do fluxo biliar, cálculos. Enfim, o intenso processo silicoso que se exprime na sua grande sensibilidade à luz, no poder que tem a flor de se voltar para o sol nascente, e também no recorte de suas folhas, agindo favoravelmente no homem, principalmente na última fase do metabolismo: a gênese de substâncias formadoras dos ossos, músculos e nervos. Os vasos sanguíneos das mucosas, da retina, do periósteo, são tonificados, a nutrição desses órgãos melhora. Cichorium é também um remédio bom em inflamações da cavidade abdominal, apêndice, e do peritônio (em associação com o Antimônio).