Herbário

Gengibre

Esta especiaria foi sempre muito apreciada desde os tempos mais antigos, sendo aproveitada para fábrica de xaropes e doces, bem como para preparação de medicamentos.
No Brasil é um dos ingredientes básicos para o preparo do quentão, bebida alcoólica, tradicional das festas juninas.

Zingiber officinale

Zingiber officinale

Nome Popular: Gengivre, gingibre, mangarataia, mangaratiá.

Família: Zingiberaceae

Zingiber é um gênero de cerca de 100 espécies de plantas perenes nativas na Ásia tropical. Todas são semelhantes a canas e têm rizomas aromáticos. Gengibres de vários tipos são cultivados comercialmente em todas as regiões mornas, notadamente na Jamaica que produz alguns dos melhores. Rizomas frescos, adquiridos para tempero, podem ser cultivados em recipientes como plantas de folhagens exóticas e ainda render uma provisão adicional de rizomas quando as canas secam no inverno. O nome Zingiber vem do grego “zingiberis”, gengibre.

Zingiber officinale é uma planta decídua, perene, com espesso rizoma ramificado, com um robusto talo vertical e folhas lanceoladas pontiagudas. Flores verde-amarelo, com um lábio cor purpúrea manchado de amarelo, aparecem no verão e são seguidas por três cápsulas carnosas. Zingiber officinale já era cultivado desde tempos antigos para fins medicinais e culinários. Era considerado um artigo sujeito a taxação pelos romanos nos anos 200. Foi mencionado na literatura médica chinesa durante a última dinastia de Han (25-220 DC). Na medicina Ayurvédica, Zingiber officinale é conhecido como “medicamento universal” e, tanto na medicina Ayurvédica como na chinesa, está presente em aproximadamente a metade de todas as prescrições. Gengibre é rico em óleos voláteis, gingerol e shogaol. Shogaol, que é um produto da quebra do gingerol produzido durante a secagem, é duas vezes mais pungente que o gingerol. Então o Gengibre seco é mais quente que o fresco e é usado para propósitos diferentes na medicina chinesa. Zingiber officinale também é de importância mundial como tempero. Outras espécies usadas para fins culinários incluem: os do sudoeste asiático, Zingiber cassumar, Zingiber mioga (gengibre japonês) que tem um aroma parecido com o da bergamota e Zingiber zerumbet (gengibre selvagem ou gengibre amargo) que é uma espécie da Indo-Malasia. Zingiber zerumbet contém zerumbone, um componente citotóxico usado na China para tratar câncer.

Zingiber officinale As partes usadas são os rizomas e óleo; as plantas precisam de uma estação de crescimento de 10 meses para ótima produção de rizoma que são colhidos quando os ramos secaram e a planta está dormente. Eventualmente é colhido durante a estação crescente, para usos onde a falta de fibras é importante. Os rizomas maduros são descascados ( alvejados), ou deixados com cascas (cobertos) antes de serem armazenar inteiros, ou macerados para uso em infusões, decocção, tinturas e pós. O óleo é destilado de rizomas secos não descascados. É uma erva pungente, adocicada, aromática, aquecedora, expectorante, que aumenta a transpiração, melhora a digestão e a função do fígado, controla náusea e vômitos, tosse, estimula a circulação, relaxa espasmos e alivia dor.

A erva é usada medicinalmente, interiormente para enjoo de movimento, náusea, enjôo matutino, indigestão, cólicas, calafrios abdominais, resfriados, tosses, gripes e problemas circulatórios periféricos. Não deve ser dado aos pacientes com queixas de inflamações na pele, úlceras da área digestiva ou febre alta. Externamente para dor espasmódica, reumatismo, lumbago, cãibras menstruais e deslocamentos. Freqüentemente combinado com Rheum palmatum e Gentiana lutea para reclamações digestivas. Na medicina chinesa, interiormente, para tosses, resfriados, diarreia, vômito e dor abdominal associada ao resfriado (rizoma fresco), hemorragia uterina e sangue na urina (rizoma fresco carbonizado); abdômen inchado e edema (casca do rizoma); frieza associada com choque, perturbações digestivas que surgem de energia deficiente do baço, e bronquite crônica (rizoma seco). Os rizomas novos e frescos (gengibre verde) são usados na culinária e consumidos cru, preservados em xarope, e doces, também usado em molhos picantes, pepinos em conserva, pratos de carne e peixe, sopas e marinadas. Gengibre em conserva é usado na arte culinária japonesa, especialmente para temperar sushi. Gengibre seco e moído e também o óleo é usado como condimento para dar aroma e sabor a bolos, biscoitos, molhos e bebidas leves. Óleo aromático é usado na perfumaria.

Indicações e Usos: O gengibre é usado em condimentos, bebidas, confeitaria, farmácia, perfumaria, para o preparo de picles ou consumido “in natura”, sobretudo em pratos orientais, sempre sob a forma de seu rizoma (caule subterrâneo). Contém vitaminas A, B e C e os minerais cálcio, ferro e fósforo. Ajuda a equilibrar as gorduras e as proteínas animais do organismo. Por isso, os japoneses costumam servir uma pequena porção de gengibre ralado para ajudar a digestão mesmo de alimentos mais leves, como os peixes. É um ótimo estimulante digestivo, prevenindo cólicas e gases. É ótimo no tratamento de doenças respiratórias, como asma, bronquite e catarro crônico, ingerido tanto durante as refeições como sob a forma de chá misturado com mel (neste caso, ajuda a expelir mucos e secreções). Um pedacinho de gengibre cru “esquecido na boca”, melhora a rouquidão e acalma a tosse. Externamente, em emplastro (uma camada de gengibre ralado coberto com gaze), ou em massagens suaves, colabora no tratamento de artrites, dores reumáticas e nevralgias.

O sabor picante do gengibre faz com que ele seja utilizado no quentão, para “aquecer” as festas juninas, no inverno brasileiro.

Aspectos Agronômicos: A reprodução se dá com o plantio de pedaços do rizoma, que contenham gema, e separados a distância de 10cm um do outro. Depois de 3 meses, as mudas devem ser transplantadas para o local definitivo.

É uma erva anual que cresce bem em solos arenosos e secos (nunca em encostas úmidas). Prefere iluminação plena. Desenvolve-se bem em climas tropicais e subtropicais frios. As folhas não suportam geadas, porém os rizomas rebrotam depois delas. O rizoma é colhido entre o 7º e o 10º mês após o plantio, quando os caules estiverem amarelados.

Parte Utilizada: Rizoma

Constituintes Químicos:

-óleo volátil (1 a 3%): citral, 1,8-cineol, zingibereno, bisaboleno, geraniol, acetado de geranila, gingeróis, chugaóis, zingiberol, d-canfeno, beta-felandreno, borneol, linalol, acetados e caprilatos de zingiberol;
-amido 40 – 60%;
-proteínas 10%;
-gorduras 10%;
-princípios amargos;
-ácidos orgânicos;
-sais minerais;
-resina.

Origem: Ásia, oriental (China, Índia e Malásia). Foi introduzida no Brasil no século XIV, pelos colonizadores. Adaptando-se bem em todas as regiões de clima tropical.

Uso:

* Fitoterápico:
Tem ação: estomáquica, carminativa, antiemética, estimulante da circulação periférica, anti-inflamatória, estimulante da digestão, tônico, sialogogas, expectorante, excitantes e afrodisíacos.

É indicada:
-dispepsia atônita;
-cólicas;
-profilaxia de enjôo de viagem;
-rouquidão;
-inflamação da garganta;
-asma;
-bronquite;
-menorragia;
-anorexia;
-problemas reumáticos;
-meteorismo e aerofagia;
-catarros crônicos no aparelho pulmonar;
-impotência sexual.

* Farmacologia: O gengibre apresenta inúmeras propriedades farmacológicas, exercendo ação nos sistema digestivo, nervosa central e cardiovascular. Age como estimulante para o trato gastrintestinal, aumentando o peristaltismo e o tônus do músculo intestinal. Os extratos de gengibre estimulam os centros vasomotor respiratório.
A inibição da síntese de certas prostaglandinas pode explicar o efeito anti-inflamatório do gengibre e sua aparente eficácia no estudo de casos recentes de desordens reumáticas e artríticas.
Tem-se demonstrado considerável interesse no seu uso como antiemético, em razão de não demonstrar efeitos colaterais em comparação a outras drogas antieméticas. (Teske; Trenttini. 1997)

Riscos: Seu uso é contra indicado para portadores de cálculos biliares.

Não é recomendada a sua utilização como antiemético durante a gravidez.

Uso Interno:
Pulverizar o rizoma e ingerir contra vômitos.

Decocção: preparar com 1 colher (chá) de raiz triturada em 1 xícara (chá) de água, tomar 4 xícaras (chá) ao dia.

Rizoma fresco: mascar um pedaço (rouquidão).
Rizoma em pó: 0,25 a 1g.
Xarope: pode ser ralado e adicionado a xaropes, juntamente com outras plantas.

Uso Externo:
Cataplasma: Bem moído ou ralado, amassado num pano e deixar no local ( para reumatismo e traumatismo na coluna vertebral e articulações).
Tintura: 100g do rizoma moído em 0,5 litros de álcool, fazer fricções para reumatismo.

Bibliografia:
-Bremness, L. Plantas Aromáticas. São Paulo: Civilização, 1993, p. 215.
-Corrêa, A.D.; Batista, R.S.; Quintas, L.E.M. Do Cultivo à Terapêutica. Plantas Medicinais. Petrópolis: Vozes, 1998, p.137.
-Martins, E.R.; Castro, D.M.; Castellani, D.C.; Dias, J.E. Plantas Medicinais. Viçosa: UFV, 2000, p.131-132.
-Matos, F.J.A. Farmácias Vivas. Fortaleza: UFC, 3ª edição, 1998, p.115-116.
-Panizza, S. Cheiro de Mato. Plantas Que Curam. São Paulo: IBRASA, 1998, p. 111-112.
-Sanguinetti, E.E. Plantas Que Curam. Porto Alegre:Rígel, 2ª edição, 1989, p.125.
-Teske, M.; Trenttini, A.M.M. Compêndio de Fitoterapia. Paraná: Herbarium, 3ª edição, 1997, p.143-145.

Gideon dos Lakotas

Fundador e idealizador da obra Céu Nossa Senhora da Conceição, materializou esta maravilhosa obra que trouxe tantos benefícios para a humanidade.
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