Rosa canina L.
A roseira selvagem é uma das plantas que aparecem em grande freqüência nos países europeus. Na orla de um bosque, a roseira selvagem parece anunciar os segredos de tal bosque; crescendo junto às sebes, ela forma cercas vivas muito graciosas; ela oculta os montes de pedras e os amontoados de entulho, ela acompanha o alpinista que escala as pastagens magras das altas montanhas, e sempre está prestes a oferecer ao alpinista uma pequena rosa. A Rosa canina acompanha o alpinista até altitudes bem elevadas. Apenas em altitudes muito altas ela não pode mais acompanhá-lo, Basta que ela amaine seus esforços durante esta longa caminhada. O verde jovial e brilhante de sua folhagem nos saúda quando chega a primavera, o matiz, ora rosado, ora purpúreo de suas flores, juntamente com seu perfume, o mais nobre de todos, anuncia o início das alegrias do verão, e o esplendor escarlate de seus frutos canta os louvores do outono, conseguindo chegar ao pleno inverno e, nesta estação, nosso olhar poderá repousar na graça carinhosa de seus ramos inclinados, formando um arco. Os flocos de neve, ao caírem na roseira, fazem-na passar através do Natal ornada de uma cobertura branca de flores de cristal.
A roseira medra em uma terra pobre. Ela se enraíza fortemente através de todos os lados, se multiplica por raízes adventícias que brotam por debaixo de terra, Apesar desta planta estar sendo constantemente destruída pelo gelo, pelo fogo, pelo vento e pelos animais, ela se rejuvenesce na base e torna novamente a crescer. É certo que em seus ramos a vida se condensa nos acúleos, o que permite à planta economizar forças etéricas. Cada acúleo é um ramo suprimido, cada agulha é uma folha suprimida. Isto nos mostra uma riqueza dominada, uma plenitude reestruturada. Quando, finalmente, seus ramos nos estendem a rosa, – é necessário antes superar a prova dos espinhos – tal rosa representa uma renúncia às mais ambiciosas possibilidades; a inflorescência, construída nos moldes de uma grande falsa umbela, se contenta em produzir apenas algumas flores e, algumas vezes, somente uma. Esta flor possui uma vida breve; ela perde rapidamente suas sépalas e suas pétalas; isso denota que a esfera astral se aproxima muito intensamente, mas as forças etéricas da planta realizam um equilíbrio e nunca ocorre e formação de venenos. O receptáculo da flor, profundamente enterrado no caule, porta os aquênios em suas paredes internas, tal como ocorre no figo, que é algo totalmente oposto àquilo que ocorre no morango.
A roseira é extremamente sensível às influências exteriores, e a resposta da planta a isso se revela através de uma extrema variabilidade em sua aparência. O número de suas variedades artificiais é quase que incalculável. O melhor ambiente para a roseira é à plena luz, um ar puro e claro, uma umidade moderada e um solo permeável argilo – silicoso, solo esse que deve conter calcário e também uma pequena quantidade de ferro.
Numerosos insetos respondem ao convite de suas flores, apesar delas possuírem a faculdade de formarem suas sementes sem terem sido fecundadas.
A roseira é frequentemente invadida por galhas; este fenômeno nos indica uma forte correspondência com o mundo astral, ao qual ela agradece a sua plenitude vital.
Encontramos os seguintes compostos na roseira: taninos na flor, folha e frutos; óleos essenciais na flor, um pouco menos nos frutos e nas folhas; antocianina no corante das flores. O fruto contém caroteno, corante da dinâmica luminosa que já foi mencionado quando nos estudamos a cenoura; além disso, açúcares (dextrose), pectina, ácidos vegetais, tais como: os ácidos málico, cítrico e ascórbico (vitamina C). As sementes do fruto da Rosa canina contém vanilina, óleo fixo e sílica. Este “concerto de substâncias”, com sua rica instrumentação, pode ser um ponto de partida para compreendermos sua atividade terapêutica – tal ou tal “instrumento” se torna audível, à sua maneira, em tal parte do organismo. Todavia a intervenção de cada instrumento é determinada pelo ser, e a intenção da sinfonia total apenas pode ser compreendida, caso possamos compreender a íntima essência dessa planta. Após termos ressaltado este fato, poderemos colocar os taninos das pétalas em relação com uma propriedade terapêutica no sentido de acalmar as diarreias e os sangramentos internos; as preparações dietéticas, baseadas no fruto da roseira canina, são refrescantes, vivificantes das funções sensoriais e estimulam o metabolismo deficiente em relação aos ácidos das frutas, ao caroteno (pró vitamina A), à vitamina C. Os frutos da Rosa canina possuem a maior quantidade de vitamina C observada na natureza. (N.T. a vitamina C é degradada pelo calor). A maneira particular do processo açúcar atuar neste vegetal nos leva à compreensão do motivo de tais frutos serem receitados na diabetes, devendo o diabético ingeri-los. Por outro lado, a infusão das sementes devido a sua grande quantidade de sílica, estimula a diurese, combate a formação dos cálculos renais e das vias urinárias. Deveremos nos lembrar que o morango, graças a essa mesma sílica, dirige os processos sanguíneos em direção à periferia (seu falso fruto está totalmente dirigido para fora); o fruto da Rosa canina se orienta em sentido contrário, seu processo silícea induz ao aumento da secreção renal.