Os antigos gregos e romanos consideravam a sálvia uma planta capaz de curar todas as enfermidades, utilizando-a especialmente como tônico geral.
Na Idade Média empregavam-na também contra prisão de ventre, cólera, resfriados, afecções hepáticas e epilepsia.
Segundo Saint – Simon, Luis XVI bebia todas as manhãs, ao levantar, duas xícaras de sálvia e verônica.
A escola de Salerno atribuiu-lhe o seguinte axioma: “Se existisse algum remédio contra o poder da morte, o homem não morreria no jardim onde cresce a sálvia”.
O nome Salvia deriva do latim Salus, saúde, alusão às propriedades curativas da planta.
Salvia officinalis
Nomes Populares: Salva, salva – das – boticas, salva – dos – jardins, salva ordinária.
Família: Labiatae.
Características:
A sálvia, salva, salva-verdadeira, salva-das-boticas ou salveta é natural da Europa e cultivada desde a antiguidade. Citada em estudos do ano 23, acreditava-se que era capaz de acabar com encantos e magias. Faz parte da mesma família da hortelã, manjericão, alecrim, poejo, entre outras. Cresce formando uma moita que varia entre 30 e 80cm de altura, com folhas ovaladas, compridas e aveludadas. As flores, em tons de violeta, rosa ou branco, surgem agrupadas em espigas e são melíferas. Toda a planta da sálvia apresenta um aroma agradável e característico, com sabor quente, picante e um pouco amargo. Sálvia, do latim slavus, significa saúde.
Atenção:
Por reduzir secreções salivares, sudoríficas e principalmente lácteas, ela não é recomendada para gestantes e lactantes, nem deve ser tomada por longos períodos.
A crença popular diz que as madrinhas devem presentear seus afilhados com um travesseiro forrado de sálvia, para lhes trazer felicidade.
Aspectos Agronômicos: Planta típica de clima mediterrâneo, porém pode ser cultivada com sucesso em certas regiões de clima ameno do sul do Brasil. Aprecia ser cultivada em locais que recebam bastante luz solar e cujo clima seja quente, porém ameno, sem excessos de calor.
A Sálvia não se desenvolve bem em locais sujeitos a ventos.
Prefere solos de terreno bem drenados, permeáveis, argilo – arenosos, leves, ricos em matéria orgânica e nutrientes, com um bom suprimento inicial e periódico de nitrogênio, e com uma boa exposição à luz solar. Algumas espécies e variedades prosperam em solos ácidos e outras em solos alcalinos ricos em cálcio.
A primeira colheita é efetuada em dias não secos no segundo ano de vida da planta.
Caso só interessar as folhas sem as flores, então a colheita é efetuada cuidadosamente, poucas horas antes do início da formação dos órgãos florais, pois caso contrário as substâncias aromáticas e medicinais contidas nas folhas se transferirão rapidamente para os órgãos florais, prejudicando a qualidade das folhas.
Parte Usada: Folha e sumidades floridas.
Constituintes Químicos:
-óleo essencial: ( 1,2 a 2,5% ): borneol, cineol, cânfora e tuiona.
-triterpenos: ácido ursólico e oleanólico e seus glicosídeos, ? e ? amirina.
-ácido rosmarínico.
-flavonoides.
-taninos: 2 a 8%.
-substância estrogênica.
-ácido clorogêncio e labiático.
-saponinas.
-resinas: 5 a 6%.
-mucilagens.
Origem: Sul da Europa e região mediterrânea.
Indicações e Usos:
Bastante utilizada na culinária, por suas propriedades aromáticas e sabor sofisticado, também é grande o seu emprego na medicina caseira. O chá é indicado nas más digestões, indisposições de estômago acompanhadas de vômito, gases e dores de cabeça resultantes desses problemas. Tomado quente, é bom para resfriados, tosses, bronquites, e acúmulo de catarro nos brônquios. Recomenda-se a mistura de seis a sete gramas do pó das folhas secas com um pouco de mel para eliminar o catarro crônico (cinco colherinhas por dia). Em chá ou tempero (em proporções moderadas), a sálvia combate o suor excessivo, a inflamação das vias urinárias e problemas na pele. Gargarejos de folhas e flores preparadas por infusão dão bom resultado contra inflamações na garganta e dificuldades de engolir. Um punhado de folhas verdes de sálvia, mastigado demoradamente e engolido sem pressa todos os dias deixa os dentes brancos e normaliza a função intestinal, além de fortificar o coração, contribuir para diminuir a glicose do sangue (sendo por isso indicada para pessoas diabéticas), perfumar o hálito e afastar as infecções da garganta. E proporcionam um alívio rápido quando esfregadas em partes do corpo picadas por abelhas, vespas, mosquitos, marimbondos etc. Recomenda-se ainda o chá forte de sálvia para escurecer os cabelos e acabar com a caspa e o banho de imersão com as folhas para aliviar o cansaço.
Usos:
* Fitoterápico:
– Em afecções da pele, de origem micótica e feridas.
– No tratamento de enfermidades que causam sudorese.
– Como auxiliar da digestão ( má digestão ), gastrite, gases.
– Cólicas estomacais, intestinais e menstruais, falta de menstruação, dores ovarianas.
– Devido a sua ação anti-séptica pode ser usada em produtos par higiene bucal, auxiliando nas afecções da boca ( estomatites, gengivites, glossites, aftas ) e garganta ( laringite, faringite ).
– Piorréia.
– Coração, diabete.
– Fígado, rins ( cálculos ).
– Cansaço, esgotamento nervoso, depressão.
– Tremores e vertigens.
– Impotência sexual.
– Albuminária.
– Excesso de ácido úrico.
– Asma, tosses.
– Caspa e inflamação no couro cabeludo.
Óleo:
– Dores
– Estimulante dos nervos e supra renal
– Gargarejo para dor de garganta
– Menopausa
– Recupera a energia do organismo
– Seca o leite durante a amamentação
– Usado para diminuir as dores durante o trabalho de parto.
* Fitocosmético:
– Sua essência é usada como fixador na confecção de perfumes.
– Em produtos anticaspa e estimulantes do crescimento capilar.
– Cremes e loções para peles oleosas e acneicas.
– Produtos para banho estimulante.
– Coadjuvante no tratamento de rugas.
– O chá pode ser usado para escurecer os cabelos.
– O óleo/chá : para peles e cabelos oleosos.
* Farmacologia:
É usada como desodorante antitranspirante pela
capacidade de fechar poros dilatados, reduzindo o excesso de oleosidade, devido à presença de flavonoide, taninos e ácidos orgânicos como o ácido clorogênio.
Sua emoliência é dada pelas mucilagens que possuem a capacidade de reter
água.
A sálvia é sudorífica por efeito sedativo sobre o centro de calor. As secreções lácticas e salivares também são diminuídas. Esta propriedade faz da sálvia um medicamento de escolha nos estados de hiperidrose como febres, menopausa, e sudoração nervosa.
Riscos:
Caso ocorram reações indesejáveis deve-se suspender o uso.
Não deve ser usado por gestantes, pois estimula as contrações uterinas.
Uso Interno:
– Infusão: 1 a 1,5g de folha em 1 xícara de água fervente. Tomar após as refeições. Em casos de sudoração noturna beber 1 xícara antes de deitar.
– Óleo essencial: 2 a 4 gotas, 3 vezes ao dia, em solução alcoólica.
– Pó: 1 a 4g três vezes ao dia ou por infusão.
– Tintura: 40 a 50 gotas, 2 horas antes de dormir ou a cada 8 horas.
– Extrato fluido em álcool 45%: 1 colher de café antes de dormir.
Uso Externo:
– Infuso: 15 a 30g de folhas em 1 litro de água fervente. Banhos, enxagues ou gargarejos, 3 a 4 vezes ao dia.
Fitocosmético:
– Xampus, loções capilares e purificantes, cremes, loções, leite demaquilante, produtos par higiene bucal: 2 a 5% de extrato glicólico.
– Desodorantes e antiperspirante: 5 a 10% de extrato glicólico.
Bibliografia:
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-Rose,J.O Livro da Aromaterapia.Aplicações e Inalações.Rio de Janeiro: Campus,1995.
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