Palavras da Floresta

Capítulo I

Ao caminhar pelas matas da fazenda e contemplar a exuberância da floresta que compõe estas terras sagradas do Centro Espírita Ascensionado Céu Nossa Senhora da Conceição, sou remetido á profundas reflexões.

Ao mesmo tempo que contemplo, um desgosto assola minha alma, pois nitidamente observo o assassinato de uma das magias verdes mais antigas do planeta.

Embora tenha surgido há espantosos 50 milhões de anos, e sobrevivido a diversas eras glaciais, hoje, graças à inconsciência humana, a mata atlântica exala, agonizante, seus últimos suspiros, sem que saibamos se sobrevirá a próxima respiração.

 

Nasceu e se tornou soberana sobre antigas serras das costas brasileiras, seguindo do norte ao sul de nosso país, e em boa parte da América central e do sul.

Hoje, graças a múltiplas sequelas danosas do sistema capitalista mundial há milênios no mundo e 500 anos somente nas Américas, menos de 7% restam de sua existência, confinando-a em um pequeno espaço entre o sul e sudeste no Brasil, região onde se encontra a cidade de Cananéia, local especialmente abençoado por DEUS.

Embora os encantos da floresta, ainda existentes, vicejam meus olhos ao admirar inigualável beleza de fauna, flora e mesmo do reino invisível, percebo que as leis da evolução e ciclos da vida aqui também se aplicam com severidade.

A vida de seus habitantes animais e vegetais, é uma batalha diária onde viver e morrer, comer e ser comido, fazem parte do cenário e do melhoramento genético dos sobreviventes.

Entre a paisagem exuberante da floresta, desenvolver a camuflagem é questão de sobrevivência, pois deixar ser percebido é metade do caminho para servir de alimento à outra espécie.

Boa camuflagem, manter-se silencioso e movimentar-se sem ser notado, são o que fazem a diferença para que o animal possa amanhecer vivo na manhã seguinte.

Contudo, conseguir alimentação, encontrar o parceiro para o acasalamento, e mesmo depois, procriação e os cuidados com a prole conquistada, tudo isso implica em movimentação e sons.

 

Eis aí o grande paradoxo dos viveres da floresta, pois embora mover, cantar e ser visto, sejam um aceno para seus predadores, o instinto da perpetuação da espécie pesa mais alto que o da própria preservação. Então, se arrisca num frenesi de movimentação e cantos para o encontro e cópula com o parceiro, que só terá seu fim com a consumação do acasalamento e assim complementando o ciclo das primaveras.

Observo que lá atrás, no início, a vida se dividiu em animais e vegetais. O corpo dos homo sapiens também vem da evolução do reino animado, da depuração e melhora genética das espécies, tanto quanto o corpo de qualquer outro animal.

Não somos nenhuma celebridade, salvo a consciência da Essência Espiritual que somos e que não vem da Terra, mas que ainda adormecida em quase toda humanidade.

Já os vegetais, seguindo a mesma lei evolutiva, desenvolveram folhas, flores e frutos, iniciando a natural simbiose universal entre todos os seres, independentemente de serem animados ou não.

Simbiose essa que existe desde os menores seres desse planeta, abrangendo nosso sistema solar, constelações, galáxias e todo o universo.

Mas para poder se expandir, as plantas doaram aos seres alados alimentação na forma de pólen e néctar, que em retribuição migraram suas sementes para o resto do mundo, formando e crescendo matas em todas as regiões de nosso planeta, permitindo, assim, as mudanças ocorridas em nossa atmosfera, cujas plantas absorviam o gás carbônico, tão letal à nossa e quase todas as formas de vida atuais, e liberavam o oxigênio, tão necessário à sobrevivência nossa e de quase toda forma de vida atual.

Ao contemplar o comportamento dos ventos e chuvas dessa região, ao observar o brilho duradouro e intenso do sol daqui, percebe-se que o grande índice solar do Brasil, somado ao constante e alto índice pluviométrico, oriundo da evaporação do mar que, arrastada pelos ventos, se condensam em chuvas, quando tocam regiões mais frias ao subir as serras, é o que fez a mata atlântica ser o que é e crescer onde está.

Ao tomas a sua forma de mata atlântica, também se formou as condições para que certas formas de vidas, animais e vegetais, se desenvolvessem somente aqui, bem como a diversificação de aproximadamente 20 mil espécies vegetais.

Nem mesmo a grande floresta amazônica possui a riqueza que a nossa mata contém.

Também, aqui se desenvolveram espécies endêmicas em grande quantidade, sendo catalogadas de forma incompleta, em mais de:

  • 150 espécies de peixes habitando seus lagos, córregos e rios;
  • 175 tipos de aves com seus arrulhos, cantos e cores;
  • 65 espécies de mamíferos presentes e ativos;
  • 90 espécies de anfíbios com suas cores e cantorias na noite.

Como tudo mais, a evolução faz parte da vida e essa floresta não é exceção. Ela evoluiu e continua a evoluir. Nada se encontra hoje como foi ontem, ou se encontrará amanhã como há hoje. O esforço e adaptação são requisitos de toda forma de vida.

É a competição pela luz solar e as adaptações para consegui-la quem dá forma às florestas.

Ao observar a floresta da fazenda, percebe-se em um mesmo terreno, intensidades solares diversificadas, diferenciando-se em intensidade luminosa nos grotões, meio e alto da serra.

Para sobreviverem, as plantas precisaram se adaptarem e modelar-se às condições do meio onde se encontram, daí o surgimento das mais de 20 mil espécies vegetais da mata atlântica. É adaptar-se ou perecer.

Cada espécie, ao adaptar-se ao meio, criou sua própria estratégia de sobrevivência, como as plantas de pequena estatura próximas ao chão, como ervas, musgos, gramíneas, samambaias, trepadeiras e arbustos, onde umas desenvolveram folhas largas para assim usufruir da pouca incidência solar que, passa pela vegetação mais alta atingindo áreas mais baixas.

 

 

Também, por serem leves, puderem investir em conter grande quantidades de água em suas estruturas.

Já outras, como as trepadeiras, no afã de alcançar o sol, se entrelaçam e escalam qualquer coisa que a leve para a maior incidência solar.

A brejaúva, a jabuticabeira, o palmito juçara, a begônia e as samambaias, se encontram entre árvores de 15 a 30 metros de altura e a vegetação rasteira do chão. Desenvolveram folhas grandes e finas que são dispostas de tal forma que a luz que escapa de uma atinge a outra logo abaixo.

Outras espécies se adaptaram em crescer muito e rápido, deixando para criar galhos e engrossar seu peso somente quando tiver atingido as grandes áreas de sol entre 15 e 30 metros de altura, tais como manacá da serra, ipê, jacarandá, pau ferro, canela, angico, jequitibá e guapuruvu. Estas são algumas das grandes árvores dessa floresta.

 

 

 

Percebi um fato intrigante nas matas da fazenda, que são grandes árvores tombadas no chão com a raiz pra cima. E por algumas vezes pude presenciar a queda de algumas.

Observei que devido à água abundante das chuvas e a uma camada fértil de pequena espessura no solo, as raízes crescem rasas para as laterais e de forma circular para garantirem uma maior área de absorção de nutrientes do solo, não investindo no aprofundamento de suas raízes, visto não ser necessário para a obtenção de águas já que as chuvas são constantes.

Contudo, na disputa acirrada pela sobrevivência, essas árvores de grande porte e peso, para alcançarem maior incidência solar, por vezes, esticam-se crescendo na vertical rumo a uma clareira que se abriu no teto da mata ou sentido o barranco de estradas e rios onde também há luz total pela ausência de obstáculos.

 

 

Com o tempo, ela vai ganhando mais porte e peso, e como seu desenvolvimento se deu mais na horizontal que para cima, a terra sede se erguendo juntamente com as largas raízes, porém rasas pouco fincadas no chão.

É comum encontrar situações assim nas matas da fazenda.

Já a embaúba, o jacatirão e os bambus, aproveitando da queda destas árvores de grande porte, que abrem um buraco no teto da floresta aumentando a incidência solar, fazem ali seu ninho e crescem abundantes, bem como, em barrancos e beiras de rios, também nas áreas de queimadas e derrubadas.

É vida abundante que se observa nessa mata linda: Palmeiras, Bromélias, Begônias, Orquídeas, flores rasteiras, cipós, Jacarandá, Peroba, Jequitibá, Cedro, Ananás, Figueiras gigantescas, etc.

 

 

 

E alegrando as matas se vê com frequência por aqui além das mais variadas aves com seus coloridos e cantos, como as saíras sete cores que comem na minha mão, o gavião agourador que avisa da chegada das chuvas e a mãe da noite conhecida como urutau, que encanta as noites de lua durante os rituais daqui.

Encontramos diversos macacos como o Bugio, a lebre, o cachorro do mato e a raposa, o gambá e o bigui, o teiú e o cateto, o tamanduá mirim e bandeira, a paca e a capivara, o veado matreiro e às vezes até a anta, a jaguatirica, a onça suçuarana e dizem que ainda existe aqui a onça pintada, sei que no passado havia.

Ouvi muitas histórias sobre uma onça pintada que foi vista diversas vezes nadando da ilha do Cardoso para o continente, mas até hoje eu mesmo não vi delas por aqui.

 

 

 

Assim como uma frase de um livro, os acontecimentos vividos ficam impressos no ser que experienciou essa vivência. Se animal ou vegetal tanto faz, das situações que lhe apresentou e viveu, as adaptações que precisou adotar para sobreviver e perpetuar a espécie, tudo isso fica registrado.

Mas como vegetais e animais vivem em uma eterna simbiose universal, o que ocorrer com um reflete no outro.

Mudanças num ambiente por período extenso como na atmosfera, na temperatura, luminosidade, longos períodos de chuva ou de estiagem etc., resultam quase sempre em novas condições no mesmo ambiente e mais uma vez a adaptação se faz necessária aos seres que vivem nele.

 

 

É se formatar ao ambiente, adaptando-se às novas condições do meio, ou perecer.

No geral, primeiro formatam-se os vegetais para adaptarem-se, que por consequência causam novas formatações nos animais desse mesmo ambiente. Assim, um vai dando formas ao outro e vice versa.

A necessidade é a mãe da invenção, também das adaptações!

Daí a origem dos sentidos apurados, formas diversificada de reprodução e criação das proles, nos animais, como: a visão aguçada de um gavião que enxerga 8 vezes mais que o homem; ou a visão noturna da paca que lhe permite caminhar com segurança nas noites mais escuras; ou a audição fantástica dos morcegos que com o eco radares lhes permite pegar uma mariposa voando; ou o macuco onde o macho é quem choca os ovos para que a fêmea possa botar nova ninhada; ou a coruja cuja a postura alternada entre dias, garante que os filhotes nasçam com dias de antecedência entre eles, permitindo que em caso de escassez de alimento por dias, o filhote mais velho e mais forte possa comer o filhote mais novo e mais fraco; ou a tanajura que após acasalar-se corta as próprias asas quando vai cavar o ninho.

Daí as cores e forma de árvores e flores, como: a bromélia que construiu em si mesma reservatórios de água da chuva que cai; algumas flores que exalam o cheiro pútrido de carniça para atrair as moscas que, ao pousar nelas, se enchem de pólen e os transportam para outras flores; alguns tipos de plantas que oferecem vasto alimento a um tipo de formiga que, nela faz seu ninho protegendo a planta de seus predadores.

Daí também aonde vem características das plantas e animais que vivem ao solo, ou a média altura ou na copa da floresta.

Ao longo das adaptações na evolução das espécies, para as aves que se adaptarem a se alimentar no chão, visto maior número de alimentos, voar vai ficando obsoleto, e no futuro, assim como aconteceu com a ema, ave brasileira do cerrado, torna-se uma ave totalmente terrestre.

O solo da floresta pertence aos mais fortes e aos de maiores níveis de atenção e rapidez.

Na média altura onde há os emaranhados de cipós, galhos e bambueiros, a vida pertence aos mais leves com grande destreza.

 

 

Na copa da floresta a alimentação abundante das folhas e dos frutos nos galhos finos que se movimentam com o peso do animal ou com o vento que passa, fez com que algumas aves desenvolvessem técnicas exclusivas de alimentação e também com que o macaco usasse seu rabo como um suporte a mais.

Quando uma espécie se adapta a novas condições de vida criando novos mecanismos de sobrevivência, seus predadores também se adaptam a essas novas adaptações das presas que os alimentam, e assim segue a evolução das espécies.

Aqui, na floresta da fazenda, os trilhos onde passam constantemente os animais de dia ou de noite são muitos, tem carreiros de diversos tamanhos.

 

 

 

 

 

Passam de noite, por esses carreiros, os animais que desenvolveram boa visão noturna, buscando a segurança da escuridão.

Passam de dia, animais com hábitos diurnos como o veado, o cateto e o lagarto.

A floresta vive em intensa atividade, não importa o período. Mas de dia, em geral, são mais ativas a maior parte das aves de rapina e frugívoras como os jacus, urus, macucos, veados e lagartos, bem como, os animais que vivem nas copas da floresta como os macacos.

Já de noite, em geral, ficam mais ativos os animais que vivem no solo da floresta e têm maior poder de movimentação, como a onça, a capivara, a paca, a anta, o tatu, sapos e jacarés.

 

 

 

 

 

Os predadores das florestas, quase que no geral, se adaptaram e se tornaram excelentes escaladores de pedras e árvores.

A cantoria tumultuada nas matas ao anoitecer, são os animais e aves avisando que aquela área pertencem a eles e que outros da mesma espécie ali é um invasor.

O encerramento dessa efervescência de cânticos, silvos e arrulhos anuncia a chegada da noite e em pouco, uma nova orquestra musical principia a embalar a noite. São os trovadores insetos e rãzinhas da noite que embalam a magia das matas e nos permitem refletir sobre a perfeição da Mente Universal que gerou a vida.

Uma nova cantoria tumultuada anuncia a chegada do sol do amanhecer, em geral, são os mesmos seres da noite passada avisando que continuam vivos e presentes em seu território.

 

 

 

É lindo o amanhecer nas matas daqui. Um mar de ouro marchetado brilha cintilante em cada gota de orvalho suspenso nas folhas das árvores e a neblina costumeira do amanhecer sempre embeleza as serras com formas diversas como um quadro lindo sendo ainda pintado ganhando forma.

Frente à exuberância e majestade da floresta da fazenda, não posso deixar de notar outros seres viventes desse mesmo ambiente, que por vezes passam despercebidos pelo homem, mas que sem eles, tudo que descrevi não poderia existir, pois juntos de bactérias, são eles os recicladores dos ambientes. Refiro-me aos fungos.

Enquanto a mata atlântica tem catalogado aproximadamente 20 mil espécies diferentes de árvores, as espécies de fungos superam esse número em ao menos 10 vezes, chegando ao impressionante registro de aproximadamente 200 mil espécies.

 

 

Também, graças aos fungos, é que temos hoje pães e bolos, a cerveja, a cachaça, combustível como o álcool para automóveis, queijos, álcool etílico para farmácias e perfumes etc. Dele também vem alucinógenos como o LSD e alguns tipos de cogumelos, procurados por pessoas que desconhecem a diferença marcante entre as alucinações de uma planta medicinal utilizada como drogas, ao invés das mirações reveladoras de uma planta de poder como ayahuasca. Neste mesmo equívoco pessoas se drogam com a maconha e se prejudicam.

Ao observar as árvores caídas e mortas, folhas e galhos caídos, é visível o incansável trabalho de alguns tipos de fungos decompondo toda forma de matéria morta.

 

 

 

Já outras espécies, compartilham um mesmo ambiente com as demais plantas colaborando de alguma forma e recebendo de volta a colaboração da planta onde cresceu.

Uma coisa é conhecida por todos os seres nas florestas, que a fome é desesperadora! A luta diária pela sobrevivência é uma constância nas matas. É fato que, os fracos viram comida e só os mais fortes sobrevivem e se acasalam.

A alimentação diária implica em grande esforço e tudo aqui é comer ou ser comido. Não há nisso julgamento, clemência, culpa ou misericórdia.

Ao refletir sobre as espécies percebe-se que, quase sempre e com raríssimas exceções, quanto maior e mais forte for a espécie, menor e mais demorada é sua reprodução.

 

 

Nisso encaixa por aqui a anta, a onça, o bugio, o gavião real etc.

Já os menores e mais caçados, são os de maior e mais rápida reprodução. Nisso se encaixa por aqui a lebre, o preá, o cateto, o jacu e diversas outras aves.

Outra relação interessante a se observar é que, os animais que muito se reproduzem são menos atentos ao meio em que vivem se tornando presas mais fáceis dos predadores. Já os animais de reprodução escassa, vivem mais atentos e cautelosos ao meio.

Mas os acontecimentos ao final da vida são comuns entre as espécies e nenhuma diferença fará ser presa ou predador, ser animal ou vegetal, ser inconsciente ou ser humano. O fato é que, tudo termina nas bactérias e fungos que decompõem a matéria morta.

 

 

 

 

 

Com suas moléculas desagregadas pelas bactérias e fungos e devolvidos ao solo da floresta, agora transformados, são ingeridos por plantas e alguns tipos de animais e o ciclo da vida reinicia-se.

Tenha por certo que é plenamente possível que um átomo de carbono do fio de seu cabelo pode ter sido parte de um dinossauro, de um homem das cavernas, de uma pedra, uma árvore ou da ponta de uma flecha. Bem como, ainda poderá ser parte de outros seres vivos mais adiante.

A meu ver, os riachos também tem um papel similar a reciclagem da vida dos fungos e bactérias, a qual desagregam e transformam a matéria, pois por onde passam arrasta os minerais do seu leito, bem como vegetais e animais mortos.

 

 

 

Ao longo de seu percurso vai raspando, moendo e desagregando tudo que arrastou em pó, entregando-os como alimentos ao final de sua jornada ao plâncton nos oceanos, o qual é a base da cadeia alimentar do mundo e todo processo reinicia-se.

É exatamente esse processo de reaproveitamento dos elementos que proporcionam a vida, em novas vidas, é que permite nosso mundo não se torne um lixão.

Um sorriso me escapa os lábios a observar que muitos seres viventes defendem uma mesma área como sendo sua. A mesma área reivindicada por uma família de quatis pode ser a mesma área defendida ferozmente por um uru, um gambá, um jacu e até uma onça.

 

 

 

Nessa área toda espécie é aceita, menos outro ser da mesma espécie. É a oferta de alimentos que determina o número de animais existentes nas áreas.

É-me duro admitir, mas a depredação da natureza não é exclusividade da raça branca, os indígenas também depredaram muito.

Por volta de 1500, aqui no Brasil havia cerca de 3,5 milhões de índios e uma maioria vivia na mata atlântica.

Pensar nos indígenas como seres ecológicos e em plena harmonia na natureza é uma utopia, pois queimavam muitas áreas de floresta para seus cultivos, e uma vez que a terra ficava fraca eles queimavam outra área abandonando a antiga quase esgotada.

 

 

 

Também de bom grado, em troca de facas e chapéus, derrubavam sem remorso árvores centenárias como o pau brasil.

Fica evidente que a ganância é o mal que assola todas as raças e os que se livraram desse mal é devido ao grau espiritual que alcançaram independente da raça que tenham nascido. Em verdade sei de pouquíssimos indígenas que alcançaram a iluminação, e nenhum deles vem do Brasil.

Cananéia é um local lindo, realmente abençoado por DEUS. Mas os índios que conheço dessa região desconhecem isso, e graças a cestas básicas que fornece o governo mais ajuda financeira mensal, eles não sabem mais caçar ou pescar e nem mesmo reconhecer as plantas dessas matas e a utilidade que têm.

 

 

 

Desde que o homem dominou o fogo, independe da região do planeta, fizeram como vítimas principais as florestas de onde viviam.

Depois de nossos ancestrais há 11 mil anos atrás começarem a domesticar animais como as cabras, ovelhas, gado, porcos, galinhas, cavalos, e também vegetais como trigo, milho, arroz, feijão, aveia, centeio etc, as agressões ao meio florestal se agravou acentuadamente.

Hoje, com aproximadamente 7 bilhões de seres humanos no planeta, o homem destrói o que ainda resta de área nativa para a cultura das plantas que consideramos imprescindíveis à nossa alimentação. A mesma agressão ambiental acontece pela criação dos animais que domesticaram. A formação de pastagens para o gado vem dizimando as florestas para a formação de pastagens, pois a população mundial de gado chega a 19 bilhões de cabeças, é quase 3 bois para cada ser humano.

 

 

Se a população compreendesse logo o Simbiotismo Universal, o equilíbrio entre as espécies seria restaurado. Entre os ciclos de vida, morte e reciclagem da matéria, a natureza mantém o equilíbrio natural das espécies. Todo o planeta é regido por essa lei natural, inclusive o homem.

Os avanços médicos científicos vêm batendo de frente com essa lei resultando em mais desequilíbrio, pois graças a essas descobertas hoje, o ser humano nasce mais do que morre, e os homens se alastram no planeta na velocidade de um vírus.

Dizem que penicilina descoberta por Fleming em 1928 quebrou a ordem natural da seleção das espécies infringindo esse mecanismo com que a mãe natureza vem equilibrando as coisas.

 

 

 

Contudo, ao observar a natureza com olhos de xamã, unificando razão com intuição, ciência com espiritualidade, percebo ser essa afirmativa mera especulação, pois a evolução das espécies e os ciclos da cadeia alimentar que tudo regem exigem adaptações dos seres para que sobrevivam e a própria penicilina é a causa do surgimento de bactérias e vírus mais letais que os anteriores, pois se adaptando a ela se modificam tornando-se cada vez mais resistentes aos seus efeitos.

Acabar com as bactérias não é possível sem que também termine com todas as formas de vida, pois são elas a origem da vida de nosso planeta.

É muita inconsciência do homem achar que domina tudo sendo que as bactérias originaram toda forma de vida na Terra, através da mesma evolução e adaptação que continua reger tudo nos ciclos da vida.

 

 

Os elementos que as formaram, carbono, hidrogênio, nitrogênio, continuam a existir nas mesmas proporções do início e cada homem tem mais bactérias vivendo em seu corpo que toda a população humana da Terra.

Se adaptando segundo exige a lei da evolução se capacitaram a utilizar a luz do sol reagindo pela fotossíntese, produzindo ainda mais oxigênio o qual veio formar a nossa atmosfera.

Então seguindo as leis da evolução se adaptaram mais uma vez resultando em novas espécies viventes, das quais toda forma de vida na Terra descende.

É uma certeza de que a vida mantém aquilo que funciona ao longo da história. O equilíbrio em todas as coisas animadas ou não é uma condição universal desde a formação do universo.

 

 

Acreditar que a descoberta da penicilina retira o homem deste equilíbrio natural é o mesmo que acreditar que o equilíbrio necessário que formou todas as estrelas e planetas pode ser contido.

Mas é fato que os seres humanos vêm destruindo as condições naturais que lhe permitiram existir, e extinguindo espécies que por dezenas de milhares de anos dividem o espaço desse planeta conosco.

Isso chama-se desequilíbrio e por consequência as mesmas leis do equilíbrio que resultaram na criação de todo universo entrarão em ação: Isso eu posso lhes dar certeza!

 

 

 

Aqui, nessa reflexão, no meio da floresta, me recordo que houve outras civilizações humanas antes dessa de agora. Algumas alcançaram níveis de tecnologia superiores a que temos hoje, e, contudo, exatamente por terem causado o desequilíbrio ambiente, a natureza agiu restaurando a ordem e elas se extinguiram quase que por completo.

Sei que está chegando o momento em que a mãe natureza utilizando de seus mecanismos irá equilibrar novamente a situação e lamentavelmente a humanidade, como a conhecemos hoje, será extinta mais uma vez, então o ciclo da vida se reinicia.

É uma falta de bom senso na verdade, pensar que a humanidade vai existir em prejuízo do próprio equilíbrio deste ser vivo chamado Terra.

 

 

 

 

 

É bem verdade que, existem civilizações alienígenas muito antigas, que não adoecem e nem envelhecem mais, cuja tecnologia está além até de nossos sonhos, mas o que lhes permitiu essa condição foi terem mantido o equilíbrio entre todas as coisas no ambiente onde evoluíram. Somente fazendo o mesmo, nossa civilização poderá evoluir e se adaptar para o futuro além de tudo que conhecemos até a data presente.

Xamã Gideon dos Lakotas.

Leonardo Linhares

Advogado, fundador do escritório Advocacia Linhares com sede em Pariquera-Açu/SP. Atuante nas defesas da expressão religiosa envolvendo os ritos com Ayahuasca. Seguindo os passos de seu Pai Xamã Gideon dos Lakotas, defende uma Ayahuasca limpa e pura, com rituais sérios voltados ao despertar do ser, livre da usurpação de drogas e do comércio com a fé.
Botão Voltar ao topo