Erva perene, originária da Europa, que possui uma grande capacidade de adaptação, distribuindo-se em quase todo o mundo. No Brasil, é encontrada de Minas Gerais até o Sul do país. Tem raiz carnosa e haste ereta, medindo de 30 a 50cm de altura, com um conjunto de flores amarelo-ouro na extremidade. Quando as flores murcham, surgem em seu lugar sementes, espalhadas pelo vento a longas distâncias. Também conhecida como amor-dos-homens, alface-de-cão, taraxaco e chicória silvestre.
Taraxacum officinale/syn.: Leontodon taraxacum L.
Nome Popular: Alface – de – cão, amargosa, dente de leão dos jardins, radite – bravo, salada de toupeira, taraxaco, amor – dos – homens, soprão, chicória – louca, chicória – silvestre, leutodonte, taraxacum.
Família: Asteraceae.
Planta herbácea vivaz com uma roseta basilar de folhas. No princípio da Primavera, aparecem as hastes florais terminadas por capítulos amarelos, formados exclusivamente de lígulas. Depois da floração, o capítulo transforma-se numa esfera de aquênios com coroas (em cima à esquerda). Toda a planta é percorrida por laticíferos que contém um látex branco não tóxico. O dente-de-leão sempre foi utilizado para tratamentos oculares, como o testemunha, aliás, o seu nome genérico: taraxis = inflamação ocular.
Aspectos Agronômicos: Reproduz-se por sementes ou divisão de touceiras diretamente no campo. Prefere climas amenos, mas
vegeta em todo mundo. É capaz de suportar geadas. Não tem exigência quanto a fertilidade.
Recomenda-se uma adubação orgânica de esterco de curral ou composto orgânico. Se o objetivo for colher as raízes, convém que o não seja muito argiloso.
A colheita de rizomas, folhas e flores poderá ser feita dois meses após o plantio.Faz-se a colheita de raízes, caules, folhas e inflorescências. As raízes são muito bem lavadas, cortadas ao comprido e secadas a 50°C no máximo. Os caules são colhidos antes da floração, por vezes com a raiz. As folhas e as flores são apanhadas para curas depurativas da Primavera. Sobretudo as raízes, mas também as outras partes, contêm princípios amargos terpenóides, taraxacina e taraxetina, um glicosídeo, esteróis, ácidos aminados, taninos, até 25 % de inulina e cauchu. A raiz e o caule são amargos estomáquicos que estimulam as secreções gástricas e exercem uma ação colagoga. As folhas novas e frescas são ricas em vitamina C e consumidas em saladas. As flores contêm carotenóides e triterpenos. Em geleia são antitússicas, mas não substituem o mel, que é muito mais eficaz.
Indicações e Usos: O dente-de-leão, contém vitaminas A, B e C e é uma extraordinária fonte de ferro e potássio. Tem sabor amargo, dado por uma substância que funciona como excelente depurativo para todo o organismo. Como todas as ervas, deve ser usado em pequenas quantidades, com moderação. Renova e fortalece o sangue, estimula o funcionamento do fígado e da vesícula, combate a formação de cálculos renais e a anemia, previne a gota, reumatismo e artritismo. Protege e tonifica o sistema sexual. É excelente para doenças ósseas. É diurético e dilui as gorduras do organismo. O suco de dente-de-leão, além de todas essas propriedades, também combate a hiperacidez do organismo e previne doenças das gengivas e cárie dentária. Na culinária, as folhas tenras, inflorescências e rizomas desta planta podem ser consumidos em sucos, saladas e cozimentos. Em uso externo (também na forma de chás), aliviam irritações, escamações e até vermelhidões na pele.
Há registros do século dezesseis reconhecendo o dente-de-leão como excelente erva medicinal, em especial no tratamento de problemas hepáticos.
Parte Utilizada: Folhas, raízes e capítulos florais.
Uso:
Fitoterápico:
Tem ação: estimulante digestivo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, tônico, antirreumático, laxativo, antianêmicas, nutritivas, antiflogística.
É indicada:
-anemias;
-fraqueza;
-palidez;
-falta de apetite;
-hepatite;
-insuficiência hepática;
-colecistite (inflamação da vesícula biliar);
-cálculos biliares;
-hidropisia;
-diabetes;
-nefrite, cistete, esplenite (inflamação do baço);
-edemas;
-excesso de colesterol e ácido úrico;
-prisão de ventre;
-distúrbios menstruais;
-reumatismo;
-gota;
-doenças de pele.
Farmacologia: É fonte de potássio para o organismo, estimulando a função renal. O aumento da diurese é devido aos flavonoides. O auto teor de potássio assegura um maior controle dos níveis de espoliação pela via urinária.
Exerce uma influência favorável sobre o tecido conjuntivo, aumentando sua irrigação. Influi sobre a formação de cálculos biliares, modificando os casos de predisposição. Os terpenos em sinergismo com as lactonas são responsáveis pela ação colagoga, favorecendo a eliminação pela via biliar de numerosos catabólitos. É considerado um tônico hepático.
Diminui os acessos de dor em desordem reumática, apresentando moderada ação anti-inflamatória, demonstrada em experimentos com ratos. O extrato alcoólico de dente de leão desenvolve ação colerética, tendo aumentado a secreção biliar em ratos em torno de 40%.
O composto amargo é responsável pela estimulação da digestão e secreção gástrica. Sua riqueza em zinco o torna também composto antirradicais livres, tendo assim a capacidade de proteger as células hepáticas de danos indiretos (Teske; Trenttini; 1997).
Riscos: É contra indicado em casos de oclusão do ducto biliar.
Adultos:
Folhas secas: 4 a 10g três vezes ao dia ou por infusão.
Infuso: 10g de folhas por litro de água, como tônico e depurativo, 3 xícaras de chá por dia.
Raiz pulverizada: 1g por dose, 4g por dia.
Extrato fluido: 30 gotas, 3 a 4 vezes ao dia.
Erva pulverizada: 1g por dose, 3 a 4 vezes ao dia.
Tintura mãe (raiz + folhas): 50 gotas, 3 vezes ao dia.
Decocto: 2 a 3 colheres de chá das raízes em 250mL de água. Ferver 10 a 15 minutos. Tomar 3 vezes ao dia.
Tintura (1:5): 5 a 10mL em 25% etanol, 3 vezes ao dia.
Constituintes Químicos:
-derivados terpênicos: amerina, taraxerol, taraxesterol;
-esteróis: sitosterol e estigmasterol;
-ácidos: cafeico e cítrico;
-vitaminas: A, B1, C, PP, D;
-resinas;
-ácidos graxos;
-aminoácidos;
-saponinas;
-taninos;
-minerais;
-princípios amargos: taraxacina;
-inulina (2%);
-rizomas;
-glicosídeo (taraxacosídeo).
Bibliografia:
-Balbach, A. As Plantas Curam. Itaquaquecetuba: Vida Plena, 2ºedição, 1993, p.106.
-Corrêa, A.D.; Batista, R.S.; Quintas, L.E.M. Do Cultivo à Terapêutica. Plantas Medicinais. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 118-119.
-Júnior, C.C.; Ming, L.C.; Scheffer, M.M. Cultivo de Plantas Medicinais, Condimentares e Aromáticas. Jaboticabal: Funesp/UNESP, 2º edição, 1994, p. 93.
-Martins, E.R.; Castro, D.M.; Castellani, D.C.; Dias, J.E. Plantas Medicinais. Viçosa: UFV, 2000, p. 112-113.
-Panizza, S. Cheiro de Mato. Plantas Que Curam. São Paulo: IBRASA, 1998, p. 91-92.
-Sanguinetti, E.E. Plantas Que Curam. Porto Alegre: Rígel, 2ºedição, 1989, p.101-102.
-Teske, M.; Trenttini, A.M.M. Compêndio de Fitoterapia. Paraná: Herbarium, 3ºedição, 1997, p. 120-121.